O livro que o Pai agora deu à estampa é mais um exemplo da paixão que ele tem pela poesia. É uma escolha tardia e por isso madura, que tem a particularidade de cobrir um larguíssimo período da história da nossa língua - o poema mais antigo remonta ao século XV e o mesmo recente é nosso contemporâneo, da autoria do Vasco Graça Moura. São mais de quinhentos anos em que na obra se pode constatar como a poesia resistiu às transformações do tempo, conservando a mesma matriz.
Não fosse dar-se o acaso de os livros arderem, o Pai salpicou os dois jardins que construiu em Abade de Neiva e em Vilar do Pinheiro com poesias várias, todas elas gravadas em azulejos vitrificados, cuidadosamente dispostos em fartas pedras de granito; se acaso o mundo acabar amanhã as poesias lá ficarão e por muitos milhares de anos, à espera do que possa ressurgir.
Rodrigo Neiva Santo